Friday, December 31, 2010

Salvador, terra do Axé e da Alegria?

Autor: Valdeck Almeida de Jesus

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A capital baiana é limitada pelo mar. A península tem bairros bem cuidados, na orla norte, partindo da Barra até as praias do Flamengo. A orla sul, da Barra a São Tomé de Paripe, não tem o mesmo tratamento. Talvez o motivo seja o poder aquisitivo de quem reside em cada uma das localidades, denunciado pelo tipo de moradia e pela cor da pele.
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Outra limitação é o cerco musical. A maioria das emissoras de rádio toca o mesmo ritmo o ano todo. Televisões, jornais e internet acompanham este samba de uma nota só, culminando numa apoteose durante o carnaval exclusivo. O incentivo vem de troféus, festivais, encontros, ensaios, brindes e outras artimanhas realizados todos os meses. Sempre há uma festa que combina qualquer outro estilo com o pagode e o axé. Pode-se chamar isso de oligopólio? Talvez, devido à concentração de tantas emissoras nas mãos de poucos, que ditam o que vai e o que não vai fazer "sucesso". De tanto ouvir o mesmo tom, os ouvidos soteropolitanos se "acostumam" e, aí, cria-se um novo consumidor e mantém-se cativo o já "catequizado".
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A musicalidade baiana gera renda, muita renda. Há artistas que vendem milhões de cópias, fazem shows pelo mundo afora, realiza carnavais em todos os estados. Muitos desses grupos vivem em mansões ou apartamentos suntuosos, debruçados sobre a Baía de Todos os Santos. Estes mesmos "santos", não abençoam todo mundo. Privilégio é para poucos. "Talento" também não é para todo mundo. Afinal, domesticar um povo para admirar e curtir apenas uma sonoridade custa investimento em tecnologia, pagamento a profissionais e renovar equipamentos, gerar "novidades" todos os anos, rebatizar o mesmo ritmo e "criar" novos adeptos.
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O carnaval e os cantores e músicos baianos não são culpados pela miséria que reina em Salvador. Absolutamente. Eles são, apenas, uma parte da população e dos mecanismos que vivem e sobrevivem, produz e reproduz o modelo de sociedade em que nem todo mundo tem o título de sócio. A democracia serve para isso mesmo: dar César o que é de César, a cada um segundo o seu esforço. Mas, por trás de toda engenhosa habilidade de lucrar e viver honestamente às custas do próprio suor, sempre tem uma máquina trabalhando, a qual não deixa brechas para todo mundo entrar. A política cultural do estado dorme e sonha uma nova realidade a cada ano, a mesma para os mesmos, em que apenas um grupo lucra e desfruta da "Terra da Felicidade".
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O sorriso largo do baiano, a receptividade, o espírito não-guerreiro, fazem desse povo, digo, aquele que mora em palafitas, favelas e subúrbios, um povo hospitaleiro, de paz. Mas paz não enche barriga. Enche, sim: durante as folias, há sempre espaço para quem puder vender cerveja num isopor; churrasquinho na esquina e pegar ônibus lotado para voltar pra casa. Afinal, "a praça é do poeta e o céu é do condor."
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Fonte: Galinha Pulando

Tuesday, December 21, 2010

Caculé brilha na Noite Cultural

Antonio Santana, Leandro Flores, Valdeck Almeida e Renata Rimet

A festa literária foi organizada por Leandro Flores, com a participação dos artistas da palavra Valdeck Almeida de Jesus, Antonio Santana, Renata Rimet, entre outros, o evento marcou o lançamento do site oficial do escritor Leandro Flores: http://www.leandroflores.com.br/, bem como exposição de livros dos autores participantes e relançamento de “Carta ao Presidente” e “Poesia e Contos para todos os Cantos”.
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Os poetas falaram sobre experiências e expectativas em relação à cultura e à literatura, sob os olhares e ouvidos atentos da sociedade local. O ambiente, um lavajato ecológico que à noite se transforma na Passarela Caculé, abrigou gente bonita que curtiu drinques, petiscos e muito papo descontraído. A atenção era para tudo o que foi apresentado pela radialista Elisângela Alves. Estiveram presentes, também, artistas locais, políticos, representantes sociais e profissionais da educação da cidade de Caculé. A parte musical ficou por conta do show com a cantora Milta Cecília.
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Um dos momentos mais marcantes da noite foi o recital de poesia, no qual pessoas como Gardênia Alves, da rádio Atalaia FM, o Poeta Caculeense Carlos Souza (o Carlinhos), Eder Fernandes, filho da professora Ana Maria, recitaram poemas do escritor Leandro Flores. Para o homenageado da noite, Leandro Flores, que também foi aplaudido pelo seu aniversário, o fomento cultural em um país em que quase não se valoriza a cultura é um desafio para qualquer artista. “Porém, o objetivo principal foi alcançado, que foi fazer acontecer um encontro entre artistas locais e de outras cidades”, ressaltou Leandro Flores.
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Os mais de 1500km que a dupla Renata Rimet e Valdeck Almeida de Jesus percorreram foram recompensados. A paisagem, geografia e as cidades visitadas estão presentes em quase 800 fotos. O roteiro foi: Salvador, Feira de Santana, Santo Estêvão, Jequié, Manoel Vitorino, Poções, Planalto, Vitória da Conquista, Anagé, Caraíbas, Brumado, Ibiassucê e Caculé. A viagem de ida sempre parece mais longa, mas se percebe, na volta, que, apesar de a mala do carro vir abarrotada de requeijão e iguarias compradas à beira da estrada, além das centenas de fotos, a sensação de quem volta de uma viagem cultural é de saudade e de que deixou alguma coisa para trás.
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Agora, com os caminhos abertos, o retorno é certo. Já existem planos de um novo evento em 2011. Talvez seja necessário alugar uma Kombi para levar tanta gente interessada, mas que tenha um lugares sobrando para quem quiser fazer o roteiro inverso. Nunca se sabe, né? Afinal, de encontro de poetas pode nascer e tudo.
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Fonte:
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Você já leu Memorial do Inferno, de Valdeck Almeida de Jesus?

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